quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Caso Clínico

A seguir um caso de um paciente com HTLV-1 com o intuito de exemplificar os vários aspectos da doença.

 
A paciente, de 55 anos de idade, branca, divorciada, informa a presença de fraqueza de membros inferiores e quedas repetidas, de início há 24 anos. Três anos após o início dos sintomas, no curso da primeira gravidez, observou constipação intestinal e incontinência urinária. Recebeu tratamento com corticoesteróides, após o diagnóstico sindrômico de esclerose, e não tolerou a medicação. Com a evolução da doença sentiu necessidade do apoio de bengala para manter a deambulação. Desde o início reclama dores em queimação na região lombar. Há a sensação de plenitude vesical e urge-incontinência. A evacuação, semanal, ainda voluntária, se dá com fezes ressecadas. Na história pregressa havia história de cirurgias (perineoplastia e salpingotripsia); nunca recebera transfusão de sangue ou derivados e negava tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e o uso de drogas ilícitas injetáveis. A mãe, portadora do vírus HTLV-1, apresentava o quadro instalado de paraparesia espástica tropical. Duas irmãs também eram portadoras assintomáticas do HTLV-1; uma tia falecera por linfoma de células T e um irmão com câncer linfático. O exame clínico geral não revelou alterações significativas. O exame neurológico, entretanto, era revelador: a sensibilidade tátil e dolorosa encontrava-se preservada e assim também a força muscular nos membros superiores. Nos membros inferiores havia diminuição da força nos miótomos de L2, L4, L5 e S1. Notou-se hipopalestesia nos tornozelos. Observou-se tetrahiperreflexia tendinosa, mais intensa em membros inferiores. O Babinsky mostrou-se extensor bilateralmente e o Hoffman estava ausente. O tônus muscular mostrou-se aumentado (grau III) em membros inferiores. A marcha revelou-se paraparética, espástica e de padrão lento necessitando do apoio de cajado à direita, com os quadris aduzidos e em rotação interna bilateralmente. Evidenciou-se o movimento compensatório de extensão do tronco para a movimentação dos membros inferiores, arrastando a ponta dos pés. Os exames complementares (ELISA e western blot) confirmaram o diagnóstico de infecção pelo HTLV-1. O ultra-som das vias urinárias revelou a bexiga contraída, com contornos irregulares e as paredes levemente espessadas. A urodinâmica demonstrou diminuição da capacidade e complacência vesicais, contrações não inibidas do detrusor e pressão de perda elevada (90 cm de água). Na avaliação oftalmológica diagnosticou-se triquíase em olho direito e cerato-conjuntivite seca, alterações que sugerem oftalmopatia pelo HTLV-1. A paciente vem recebendo os cuidados de vários profissionais de saúde com melhora modesta.



http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86822002000400015&script=sci_arttext

Early Neurologic Abnormalities Associated with Human T-Cell Lymphotropic Virus Type 1 Infection in a Cohort of Peruvian Children

Esse outro estudo procurou observar se desde pequenas crianças que eram amamentadas por mães que seriam portadoras do vírus tinham afecções neurológicas como acontece em crianças afetadas pelo HIV. O estudo se desenvolveu em uma comunidade peruana e foi conclusivo em enfatizar que não nenhuma amostra de anormalidade neurológica em indivíduos nasçam e amamentem-se de mães portadoras do vírus.


É um artigo interessante e que vale a pena ler .

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19628219

Neuropathology of HTLV-1-associated myelopathy (HAM/TSP)

Nesse estudo foram feitos estudos histológicos para saber os reais agentes causadores da patogênse da HAM/PET; no qual o infiltrado inflamatório de células mononucleares e degeneração da mielina e axônios foram observadas em toda a medula espinhal.A análise de Immunohistochemical demonstraram dominância das células T, e os números de células CD4 + e CD8 + foram igualmente presentes em pacientes com menor tempo de evolução clínica. Apoptose das células T helper / indutor células foram observados nessas lesões inflamatório ativo. A distribuição horizontal de lesões inflamatórias foi simétrico em todos os níveis espinhais e acentuou-se em locais com fluxo lento no meio para diminuir os níveis torácico. HTLV-1 quantidades de DNA proviral foram bem correlacionados com o número de CD4 + células infiltradas.  Na PCR in situ do DNA do HTLV-1 proviral e hibridização in situ de HTLV-1 gene Tax demonstrou a presença de células infectadas pelo HTLV-1-infected exclusivamente em células mononucleares do infiltrado perivascular áreas.  A partir dessas constatações, sugere-se que células T mediada por processos inflamatórios crônicos visando o HTLV-1 infectados células-T é o principal mecanismo patogênico da HAM / TSP. Anatomicamente determinadas condições hemodinâmicas pode contribuir para a localização de células T infectadas ea formação de lesões principal no meio inferior da medula espinhal torácica.



É um estudo bastante interessante e profundo que vale a pena ler . 

Vírus HTLV-1 na Bahia chama atenção de pesquisadores

Salvador, a capital da Bahia, amarga a maior incidência de portadores do vírus HTLV-1 no Brasil. Em cada grupo de mil habitantes, 20 estão contaminados com o vírus linfotrópico de células T humanas, um mal silencioso que, em 5% dos casos, causa um tipo gravíssimo de leucemia ou uma mielopatia, doença neurológica que provoca problemas de locomoção e perda de controle muscular. A incidência da moléstia em Salvador é cinco vezes maior do que a observada em São Paulo e sete vezes superior à do Rio de Janeiro. No Brasil, estima-se que 2 milhões de pessoas estejam contaminadas.

Tais números têm o aval dos bancos de sangue do País, que desde 1993 realizam obrigatoriamente testes anti-HTLV-1 em todo o sangue doado. Tamanha expressão da moléstia transformou a capital baiana num ambiente propício para pesquisas sobre o HTLV-1, um retrovírus que tem parentesco distante com o HIV, causador da Aids.

Disfunção erétil

Um estudo publicado na edição de março do International Journal of Impotence Research dá conta de que o comprometimento da atividade sexual entre as vítimas da doença em Salvador é mais comum do que se calculava e que a disfunção erétil, associada a outros sintomas urinários, é um importante marcador do início da moléstia.

Assinada pelo urologista Neviton Castro, do Serviço de Imunologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, vinculado à Universidade Federal da Bahia (UFBA), a pesquisa acompanhou um grupo de 79 pacientes atendidos no Ambulatório Multidisciplinar de HTLV-1 da instituição, por onde já passaram mais de 800 vítimas da doença desde 2000.

O índice dos que não conseguiram ereções satisfatórias em mais da metade das tentativas de fazer sexo chegou a 36,7% e 45,5% responderam que tiveram pouca ou nenhuma satisfação sexual, levando-se em conta o espaço de tempo de 30 dias anteriores à pesquisa. A maioria das vítimas tinha de 35 a 50 anos. Mais detalhes sobre a pesquisa estão numa reportagem da edição 114 de revista Pesquisa Fapesp. 




Fonte: Agência Estado - 15/8/2005  

O que é o HTLV-1?

Em breves palavras eu vou esclarecer um pouco nesse post o que é  esse retrovírus ao qual qualquer pessoa está sujeito a contrair.


O HTLV-1 é uma doença auto-imune, e que ocorrer por infecção viral do vírus htlv, é uma doença assintomática e caso torn-se ativa é lenta e progressiva afetando a medula espinha torácica em sua porção média e baixa. Mais prevalente no Japão, Índia e África do Sul e em países tropicais, tais como, Brasil, Peru Colômbia, e alguma ilhas caribenhas. No Brasil os dados mais significativos encontrados foram na Bahia, Pernambuco, São Paulo e Pará.
Sintomatologia

A evolução da doença é para uma paraplegia, caracterizando uma síndrome piramidal típica. Os indivíduos acometidos por essa patologia tem hiperreflexia, apresentam Sinal de Babinsk, disfunção esfincteriana intestinal e vesical de vários níveis e ainda alterações de sensibilidade (vibratória e proprioceptiva), dor lombar, disfunções na marcha e alterações posturais.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico mais preciso para essa patologia é através do exame do líquido cefalorraquidiano (Líquor), métodos sorológicos também podem identificar o vírus, tais métodos seriam o teste de ELISA ( o mesmo que é feito parar portadores de HIV), Western - Blot ( que irá fazer uma leitura da sequência protéica nas células), e o PCR (que é mais preciso ainda na leitura das protéinas); aliado ainda a esses exames tem as associações clínicas e diagnóstico diferencial.
Para tratamento do HTLV-1ainda existem drogas em experimentação, sendo assim o tratamento será baseado em amenizar a sintomatologia apresentada pelo paciente, logo o uso de drogas corticosteróides e o tratamento fisioterapêutico são de grande eficácia na melhora do paciente.